D-RIBOSE

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Encontrar recursos ou estratégias nutricionais que amplifiquem a performance e a composição corporal é alvo tanto de atletas de alto rendimento como desportistas recreativos. Assim, a nutrição direcionada ao desporto está cada vez mais requisitada por esse público.

Da mesma forma que os profissionais de nutrição buscam informações para aprimorar o conhecimento, as indústrias desenvolvem produtos que tenham relevância nesse contexto de saúde e performance.

Existem diversos suplementos no mercado com a proposta de promover ação ergogênica ao atleta. Claro que muitos sem nenhum respaldo acadêmico, outros com grande relevância em publicações científicas e aqueles que necessitam de mais pesquisas. 

Dentro desse universo, surge a ribose, um carboidrato formado de 5 carbonos, encontrado em nossa dieta e que participa na síntese de diversas estruturas químicas como o DNA, o RNA e as adeninas (ATP, ADP e AMP). 

Exercícios intensos caracterizados por uma redução na chegada de oxigênio nos músculos, fazem com que os mesmos ativem o metabolismo anaeróbio na tentativa de sustentar tal exigência, logo recrutando e degradando a principal moeda fornecedora de energia, o ATP. Já é sabido que os níveis de ATP estão reduzidos após um exercício intenso e, consequentemente, os substratos para sua síntese, dentre eles a adenina, podendo gerar queda no desempenho e um estado de fadiga. 

Publicações evidenciam que uma das principais vias para a síntese de adenina seja a fosforilação da ribose a partir da via das pentoses. Por esse mecanismo, as pesquisas foram direcionadas para avaliar se a suplementação de D-ribose exerceria algum efeito ergogênico em atletas durante os treinos intensos.

Infelizmente, apesar do mecanismo bioquímico ser coerente a suplementação de D-ribose não demonstrou melhora da performance durante o treino e de qualquer parâmetro de composição corporal. Porém um estudo demonstrou melhora na ressíntese de ATP 72 horas após um determinado período de treinamento.

Um dado interessante sobre a D-ribose surgiu em um trabalho publicado no Journal of Medicine Food, onde os pesquisadores ofertaram 7gr de D-ribose diluído em água antes e depois do treino. O treino foi feito por 25 minutos em um cicloergômetro, onde a cada 3 minutos a intensidade do exercício foi aumentada.  Dentre outros, dois marcadores bioquímicos foram dosados, MDA (malondialdeído) que é um marcador de peroxidação lipidica e GSH. Resumidamente, foi observado que o aumento do MDA e a GSH são marcadores que nos auxiliam a interpretar a intensidade de produção de radicais lives. O resultado foi uma menor geração de MDA e uma variação muito pequena na GSH no plasma, concluindo que a suplementação exerceu atividade antioxidante.

Embora a literatura apresente poucos resultados consistentes com o uso da D-ribose, o seu mecanismo de ação é muito promissor. Pelos dados apresentados, a suplementação justifica-se para os atletas de exercícios anaeróbios (intensos) com o objetivo de otimizar a recuperação em períodos acima de 24 horas. Outra possibilidade se aplica aos atletas de endurance, não com o objetivo de ressíntese de energia, mas com o foco na modulação do estresse oxidativo.

 

Cabe ao nutricionista decidir se é válida a utilização da D-ribose levando-se em consideração o treino, sintomas clínicos e marcadores bioquímicos.

 

 

Marcelo Carvalho, Profissional de Educação Física, Nutricionista, Docente do curso de Pós-Graduação em Nutrição Ortomolecular (FAPES/SP), Coordenador do curso de Nutrição Ortomolecular (FAPES/SP), Professor convidado do curso de Pós Graduação da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP), Professor convidado da Nutriscience Education and Consulting (Portugal), pós-graduado em Nutrição Esportiva Funcional,  atendimento em consultório particular com ênfase em Nutrição Esportiva e membro da SBNF.



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